Mulheres estão cada vez mais presentes na Contabilidade

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Considerada um direito fundamental pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a igualdade de gêneros é um tema que ganha cada vez mais destaque no mundo.

 

As mulheres representam 49% da população mundial, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). No Brasil, as mulheres são maioria, 51% da população é do sexo feminino, de acordo com o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar disso, as mulheres ainda são minoria no comando das grandes empresas.

 

Um estudo publicado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) analisou 508 empresas de capital aberto, das quais apenas 197 possuíam ao menos uma mulher no Conselho de Administração, ou 38% do total. Os números mostram que ainda há um longo percurso para alcançar a igualdade de gêneros. Mas na área contábil, a representatividade feminina está cada vez mais presente.

 

As mulheres hoje representam 43% dos profissionais registrados no país. No Estado de São Paulo, são 92.990 mulheres, ou 41% dos 151.535 profissionais registrados no CRCSP, números que vêm crescendo continuamente. As mulheres já são maioria nos cursos de Ciências Contábeis, que apresentaram, em 2015, 209 mil matrículas de estudantes do sexo feminino, ou 58% do total de 358 mil matrículas.

 

Este crescimento se reflete cada vez mais nas ações das entidades contábeis. Um exemplo é a decisão do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) de colocar a designação “contadora” nas novas carteiras de identidade profissional. Até então, a carteira trazia apenas a designação “contador”, independente do gênero.

 

A presidente do CRCSP, Marcia Ruiz Alcazar, foi a primeira a receber a nova carteira, entregue pelo presidente do CFC, Zulmir Ivânio Breda, na sessão plenária de 7 de fevereiro de 2019, na sede do CFC.

 

A primeira mulher registrada no CRCSP com a designação “contador” foi Maria Aparecida Nunes Leonel, em 8 de abril de 1963. Em 1958, com a Resolução n.º 96, o CFC deu nova denominação à profissão de guarda-livros, criando duas categorias: contador e técnico em contabilidade.

 

Mas as mulheres profissionais da contabilidade já se registravam desde que o CRCSP foi criado, em dezembro de 1946.  Dvoira Nudelman, romena naturalizada brasileira, registrou-se no CRCSP em 1947, obtendo o número 67. Dora, como passou a ser chamada, tinha um escritório de contabilidade com seu marido no bairro Bom Retiro.

 

“Nós mulheres contadoras merecíamos a designação da categoria correta. Estou muito feliz e orgulhosa da minha nova carteira como contadora”, declarou Marcia, que destacou que o ato possui um simbolismo importante sobre a presença feminina na profissão contábil.

 

Mudança de paradigma

 

Para a coordenadora da Comissão CRCSP Mulher, Inez Justina Santos, ações que incentivem a presença feminina na profissão, como as empreendidas pela Comissão CRCSP Mulher, contribuem positivamente para o crescimento do público feminino na Contabilidade.

 

Um exemplo destas ações é o “Universo Contábil com Elas”, atividade realizada pela Comissão CRCSP Mulher com foco em temas técnicos da Contabilidade.

 

“Atividades como estas dão às profissionais condições para que elas se preparem para o mercado, além de despertarem o senso de pertencimento das profissionais, pois fazem parte do dia a dia delas”, disse a conselheira Inez.

 

Sobre as atividades da Comissão CRCSP Mulher, Inez destaca que em 2019 a Comissão irá intensificar ainda mais as atividades voltadas ao público feminino e levar o “Universo Contábil com Elas” para mais cidades, especialmente no interior e regiões metropolitanas.

 

As ações da Comissão CRCSP Mulher estão sob a gerência da Vice-Presidência de Registro do CRCSP. A vice-presidente Cibele Pereira Costa revela que o CRCSP teve um cuidado especial na programação do evento, o que é demonstrado, por exemplo, na escolha de mulheres para participarem dos painéis.

 

“As palestras são abertas ao público de ambos os gêneros, mas evidencia a presença de mulheres que que são referência em suas áreas de atuação, o que traz uma mensagem muito forte de representatividade e empoderamento feminino”, explicou a vice-presidente.

 

Pioneiras

 

Os avanços na questão da igualdade de gêneros só foram possíveis graças à atuação de mulheres pioneiras, que derrubaram barreiras em um ambiente predominantemente masculino. Pessoas como Mônica Elizabeth Altmann Fazio, formada técnica em contabilidade pelo Colégio Dante Alighieri e profissional registrada no CRCSP desde 1965.

 

“Na época, o Dante oferecia os cursos clássico, científico e o técnico em contabilidade. Eu queria algo mais prático e optei pela Contabilidade”, conta Mônica, que teve aulas com professores que são referência na Contabilidade, entre eles Domingos D’Amore, patrono da cadeira número 30 da Academia Paulista de Contabilidade (APC).

 

“Meu pai, Julian Altmann, queria que eu trabalhasse com ele na empresa da família, a Altmann S.A. Exportação e Comércio, onde estou até hoje, na diretoria. Esses anos de contabilidade me ajudam a tomar decisões, pois ela nos dá a capacidade avaliar a condição financeira e o desempenho das empresas”, revelou Mônica, que avalia como positivas as mudanças que a profissão passou nas últimas décadas.

 

“No meu tempo a Contabilidade era diferente. Os livros eram escritos à mão e os tributos eram pagos no balcão das agências. A tecnologia permitiu à Contabilidade atender a uma demanda muito maior, mas o cuidado dedicado pelas pessoas sempre vai ser fundamental”, sentencia a profissional.

 

Como reconhecimento aos seus anos de dedicação à profissão contábil, o CRCSP prestou à Mônica uma homenagem, em 3 de outubro de 2018, na solenidade de reconhecimento ao registro profissional, parte da campanha CRCSP Mais Você.  Nas 12 edições da solenidade, 96 profissionais foram homenageados. Destes, cinco foram mulheres: Gilda Gomes, Maria Aparecida Ferreira Rocha, Miriam Alzira Braga Nogueira, Yolanda Yoshikava e Mônica.

 

“Eu fiquei emocionada, ainda mais por ter recebido o diploma da presidente Marcia Ruiz Alcazar e do presidente do Instituto Paulista de Contabilidade (IPC), Sergio Prado de Mello, que é um amigo de longa data. Eu achei interessante que, quando eu recebi meu CRC, em 1965, eu fui a única mulher da turma de novos profissionais. E quando recebi a homenagem, novamente eu era a única mulher no palco”, revela Mônica.

 

Ela também vê como positivas as mudanças ocorridas na sociedade nos últimos anos. “Uma das minhas filhas, Sílvia Fazio, é presidente da sucursal brasileira da Women in Leadership in Latin America (WILL – Mulheres na Liderança na América Latina, em tradução livre) e defende essa mudança de mentalidade. Eu mesma, em algumas situações, senti que minha opinião era desvalorizada em reuniões externas, mas na época via como algo natural. Hoje os padrões de referência mudaram, o que é muito positivo”, avalia Mônica Fazio.

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