Mãe ajuda mãe: rede gera apoio para pequenos negócios durante a pandemia

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Por: Bianca Borges

A maternidade foi um fator determinante para que a microempresária Gabriela Mori deixasse o mundo corporativo para investir no sonho do próprio negócio e, assim, ter mais tempo para cuidar da filha. Mãe de uma menina de cinco anos e sem uma rede de apoio, ela hoje toca sozinha uma marca de canecas personalizadas. O negócio ia bem, até a rotina ser atropelada pelas incertezas trazidas pelo novo coronavírus.

Às vésperas do Dia das Mães, data aguardada pelo comércio, mulheres empreendedoras estão se desdobrando para superar um dos períodos mais instáveis da economia. Com a paralisação das atividades não essenciais determinada por governos municipais e estaduais e a suspensão de serviços em diversos segmentos, seguindo diretriz de isolamento social fundamental para frear a contaminação, muitas perderam sua fonte de renda e estão entregues à própria sorte. Algumas que são mães solo e respondem pelo sustento total da casa sequer conseguiram receber o auxílio emergencial do governo federal.

Para seguir as medidas sugeridas pela Organização Mundial da Saúde, a microempresária teve de substituir sua rotina de participação em feiras e eventos para empreender de casa, de forma remota, vendendo seus produtos pela internet. E ela ainda precisa equilibrar o tempo cuidando da filha que teve as aulas suspensas na escola.

Ser mãe e empreendedora em tempos de pandemia seria padecer no desamparo não fosse Gabriela ter o apoio da Maternativa. A rede virtual é uma das maiores comunidades de mães reunidas para tratar sobre questões ligadas ao trabalho e equidade de gênero. Com membras em todas as capitais e em mais de 150 cidades do Brasil, além de outros 60 países, o grupo conta com cerca de 25 mil mães que apoiam umas às outras no desenvolvimento das próprias carreiras. E, por meio da plataforma Compre das Mães, que comercializa seus produtos, elas podem viabilizar financeiramente seu negócio.

Mãe compra de mãe

“Pra mim é fundamental fazer parte desse movimento. A plataforma me deu muita visibilidade e ainda tenho acesso a cursos, orientações e informações sobre como posicionar minha marca”, destaca Gabriela. O grupo também ajuda a criar uma rede entre as mães, onde as empreendedoras encontram parceiras de negócios, fornecedoras e, claro, novas consumidoras. “As mães consomem das outras mães. Antes de procurar um produto em uma rede grande, a gente consome umas das outras.”

Segundo dados do GEM Brasil 2016 (Global Entrepreneurship Monitor), mais da metade das empresas abertas nos últimos três anos foi criada por uma mulher. E para algumas delas, a motivação para empreender surge da necessidade diante de um mercado de trabalho pouco acolhedor – um levantamento da Fundação Getúlio Vargas (2017) apontou que quase metade das mães perdem o emprego nos primeiros 12 meses após darem à luz.

Uma das principais dificuldades em manter seus negócios está no acesso a crédito e linhas de financiamento. Em um mundo vivendo a pandemia da Covid-19, essas mulheres têm o desafio extra de manter suas empresas em um cenário ainda mais incerto.

Foi essa situação que fez com que a Maternativa ampliasse a sua atuação. O negócio social liberou o acesso à plataforma oferecendo espaço gratuito para mães comercializarem os seus produtos até setembro, ampliando sua visibilidade. Também estão sendo realizadas ações de apoio como cursos, consultorias e lives no perfil de Instagram discutindo a atual conjuntura, e formas de amenizá-la, com mães diversas.

Muitas mães empreendedoras já estão em uma situação financeira muito vulnerável. E elas não podem esperar. Recebemos relatos de mães, muitas responsáveis financeiramente por suas casas, desesperadas vendo suas vendas despencarem e eventos serem cancelados pela situação de saúde pública que estamos vivendo. Essas mulheres coordenam pequenos negócios e não têm fluxo de caixa para se manter operando com quedas tão drásticas na vendas.

Vivian Abukater, diretora de relações corporativas e sócia da Maternativa

Outro reflexo da situação econômica desencadeada pela pandemia se dá na saúde mental dessas mulheres. Segundo Camila Ribeiro, gestora de empreendedorismo feminino e comunidades Sebrae-SP, além de linhas de financiamento, cresceu também a procura por orientação e ajuda emocional. “Muitas mães empreendedoras têm nos procurado em busca de orientação sobre gestão dos seus negócios, linhas de microcrédito, regularização do CNPJ, dicas para vender mais e de forma inovadora nesse momento, mas sobretudo em busca de fórmulas e métodos para administrar melhor o seu tempo, a controlar e gerir melhor as emoções que se destacam num momento de crise”, observa.

Sobrecarregadas com os negócios, as tarefas domésticas, os cuidados com os filhos e tendo de lidar com desafios que não esperavam, as mulheres também têm de se proteger de outro inimigo potencializado na pandemia: a violência doméstica. Com o tempo em casa ampliado, aumentam as chances de mulheres serem expostas a situações de violência ou exploração e, para muitas, a salvação está em sua autonomia financeira. “O empreendedorismo é uma ferramenta de transformação para que a mulher fortaleça a auto-estima e se livre de situações de submissão e violência, por exemplo”, observa Camila, cuja atuação tem foco na transformação da vida de mulheres em situação de vulnerabilidade social.

Fonte:https://www.uol.com.br/ecoa/ultimas-noticias/2020/05/04/rede-da-suporte-a-maes-empreendedoras-com-vendas-durante-pandemia.htm

  1. Patrícia Dutra da Silva

    Me identifico muito, com esta reportagem! Sou Educadora física há 20 anos, trabalhei por 12 anos em uma escola particular de SP, más quando minha filha nasceu, fui demitida no primeiro ano, também não tenho rede de apoio, minha mãe faleceu antes da minha filha nascer! Então resolvi abrir meu próprio negócio para conseguir conciliar a criação dos meus filhos!
    Abri um berçário que durou 10 anos, foi onde vi meus filhos crescendo! Tive que encerrar meu sonho por conta da pandemia, não tivemos auxílio nenhum, minha empresa fechou!!!!!

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