Juliana Azevedo avisa: “sucesso é ser uma boa líder, e não uma chefe poderosa”

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Por:Donata Meirelles

De volta das férias de verão, Juliana Azevedo reflete sobre os projetos em que estava trabalhando em janeiro passado: “Estávamos planejando um futuro que simplesmente não se materializou. Por isso, além do trabalho do dia a dia, tivemos que aprender realmente o que é o gerenciamento de uma crise mundial”, observa.

Para ela foi uma tarefa e tanto, levando-se em conta que Juliana é CEO da P&G (Procter & Gamble) Brasil, a centenária gigante multinacional que tem entre suas marcas, Pantene, Vick, Oral-B e Gillette. Sem falar que se trata da primeira mulher a ocupar tal cargo na empresa no país, liderando um corpo de cerca de 4 mil funcionários. “Este ano a meta é continuar crescendo, fazendo o bem e esperançosos de que as mudanças serão positivas e os desafios, importantes. E que, finalmente, possamos descobrir o que é esse ‘novo normal’”, diz com entusiasmo e bom humor.

Quando conversamos, Juliana estava empenhada nos esforços da empresa no auxílio à crise em Manaus, devastada com o aumento de casos de Covid-19 e o colapso na rede pública de saúde. Além da parceria com a USP no desenvolvimento de respiradores, a empresa envia cilindros de oxigênio.

O espírito de liderança é uma constante na trajetória de sucesso de Juliana Azevedo. Ela conta que desde muito jovem – começou a trabalhar aos 13 anos, dando aulas e fazendo traduções – já pensava que um dia estaria à frente de uma grande equipe. “Sou filha única e meus pais sempre me incentivaram a ser independente”, lembra. Tem duas graduações acadêmicas, em Engenharia pela Poli-USP e Direito, pela PUC. Então descobriu o mundo das vendas e do marketing, trabalhando em uma pequena imobiliária. Foi o que a levou a buscar o cargo de estagiária na P&G, pensando em passar dois ou três anos adquirindo experiência profissional. Era 1996, ela estava na casa dos 20 anos e a P&G ainda não era um portento em terras brasileiras.

Segundo Juliana, o casamento deu certo por conta do ambiente de trabalho com princípios e valores fortes e bem estabelecidos. Além disso, ressalta que a empresa estava atenta à equidade de gêneros e à diversidade muito antes de se tornarem questões do momento. “Quarenta por cento da nossa liderança no Brasil é feminina. Enquanto no exterior, metade dos CEOs globais são mulheres”, informa.

Fora da empresa, Juliana faz parte do conselho da Unicef, da Câmara Americana de Comércio e é vice-presidente da United Way, a maior ONG por educação do mundo.

Casada e mãe de Rafael, 11 anos, ela diz que não descarta a possibilidade de, no futuro, adotar uma criança. Nas horas vagas e nas férias – “Não há nada mais antigo e cafona do que executivo que trabalha 24/7 e não descansa nunca” – gosta de estar perto da natureza e ler muito. Indica o livros de Osvaldo Polidoro, sobre a doutrina espírita, e o “Pequeno Manual Antirracista”, de Djamila Ribeiro: “Por causa do atraso que estamos nessa área”, faz questão de frisar.

A seguir, Juliana Azevedo, #MulherdeSucessoResponde:

Donata Meirelles: Qual o seu maior exemplo de mulher de sucesso?

Juliana Azevedo: Apesar de vários exemplos entre amigas e no campo profissional, minhas principais referências femininas de sucesso estão na família. A primeira é minha bisavó que veio de Portugal sozinha, com os filhos, em 1900, para tentar uma vida melhor no Novo Mundo. Ela criou um comércio que prosperou e assim pôde investir na família. E minha mãe, que faleceu no ano passado, trabalhou muito, empreendeu, aproveitou os bons momentos e enfrentou os momentos difíceis – como os dez anos lutando contra o câncer – sempre com generosidade, altruísmo e gratidão pela vida. Dona Deise e dona Sabina foram e sempre serão meus exemplos de mulheres de sucesso.

DM: Qual sua ideia de felicidade no trabalho?

JA: Felicidade no trabalho, além dos resultados, são as duas coisas que mais me motivam: aprender e fazer o bem.

DM: Eu achava que sucesso era… e descobri que é…

JA: Achava que era ter um título pomposo. Hoje, sei que é o impacto que posso criar a partir da posição em que estou. É ser uma boa líder e não uma chefe poderosa.

DM: Depois da pandemia qual será a mudança mais significativa na sua área de atuação profissional?

JA: A capacidade de dar foco para a minha organização, definindo as grandes decisões com clareza e simplicidade estratégica. E investir mais nas pessoas com quem trabalho. Porque quando o mundo vira de ponta cabeça, é preciso ter gente do seu lado, que vire junto com você e te ajude a colocar tudo de novo no lugar. Máquinas não fazem isso.

DM: Se você pudesse escolher um superpoder, qual seria?

JA: Dar saúde para todo mundo.

DM: Que tipo de hábito ou exercício você recomenda para desligar ou aliviar sua mente?

JA: Fazer exercícios todos os dias. Eu caminho, corro ou faço ginástica. Também aprendi a meditar, porque viajava muito e passava muito tempo sozinha. A meditação te ensina a encontrar o seu próprio encanto. Finalmente, aquelas pequenas coisas do dia a dia que te trazem alegria. Pode ser comer um chocolate, ir ao cabeleireiro ou cuidar das plantas. Nada disso precisa de grandes eventos, de outras pessoas, e te ajudam a manter o equilíbrio.

DM: Qual mensagem você gostaria de deixar para as próximas gerações?

JA: Confiança, esperança e responsabilidade. Cada um de nós, mulheres e homens, podem ser pessoas de sucesso em suas áreas. O importante é planejar como chegar lá, porque o sucesso não cai no seu colo, é preciso ser conquistado.

Fonte:https://www.forbes.com.br/colunas/2021/01/donata-meirelles-juliana-azevedo-primeira-mulher-ceo-da-pg-brasil-avisa-sucesso-e-ser-uma-boa-lider-e-nao-uma-chefe-poderosa/

 

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